Arritmia Cardíaca: o que é, quais são as causas e como diagnosticar

arritmia cardíaca

 

Autor: Dr. Jadelson Andrade, diretor Nacional de Cardiologia dos Hospitais Dasa

 

Imagine o coração como um relógio preciso, com suas batidas regulares marcando o tempo como um tictac confiável. Cada minuto muda em um ritmo harmonioso, proporcionando uma sensação de estabilidade e equilíbrio. 

No entanto, quando a arritmia cardíaca entra em cena, o tictac familiar é interrompido. O ritmo se torna irregular, como se o relógio começasse a falhar, com tiques acelerados ou lentos, sem um padrão definido. Essa interrupção no ritmo regular é o que chamamos de arritmia cardíaca. 

O problema deve ser diagnosticado através de exames como eletrocardiograma, Holter e outros e tratado o quanto antes. Assim, reduzimos consideravelmente os riscos de complicações mais sérias ligadas à arritmia, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e até mesmo a morte súbita. 

Continue a leitura e saiba mais sobre suas causas, sintomas e quando é chegada a hora de buscar ajuda. 

 

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O que é arritmia cardíaca? 

De forma simples e objetiva, a arritmia cardíaca é uma mudança no ritmo regular e/ou na frequência das batidas do coração. 
 
Para se ter uma ideia, em condições normais, nosso coração opera com uma frequência de batimentos cardíacos entre 60 e 100 vezes por minuto.  

Quando os batimentos cardíacos diminuem e ficam abaixo de 60 batimentos por minuto, temos um quadro denominado bradicardia. Por outro lado, quando ultrapassam 100 batimentos por minuto, sem relação com atividade física, temos a chamada taquicardia.  

 
Quais são as causas de arritmia cardíaca? 

Existem diversas causas que podem levar o coração a apresentar uma irregularidade dos seus batimentos e modificar o seu ritmo levando às arritmias. As mais frequentes são: 

  • Distúrbios hormonais, como o da tireoide; 

  • Distúrbios de eletrólitos, como nos casos de alterações dos níveis de potássio no sangue; 

  • Uso de determinadas medicações e suplementos, como os energéticos; 

  • Doenças do coração.  

Dentre as doenças do coração, podemos destacar:  

  • Doenças do músculo cardíaco: como as chamadas miocardiopatias, caracterizada pelo mau funcionamento do miocárdio. 
     

  • Doenças isquêmicas do coração: quando ocorre diminuição ou obstrução no fluxo sanguíneo do miocárdio, muitas vezes causadas pelas placas de gordura que se acumulam nas paredes das artérias. 
     

  • Cardiopatias congênitas: anomalias estruturais do coração, como a transposição das grandes artérias, em que as principais artérias (aorta e pulmonar) estão invertidas, causando uma circulação sanguínea anormal. 

Arritmia cardíaca é grave? 

Pode ser grave e, por isso, a investigação médica se torna fundamental. Como o quadro compromete o bombeamento do sangue para o corpo, o problema pode, em casos extremos, levar à morte súbita, observada inclusive em jovens e atletas. 

A arritmia clínica mais prevalente na população é a fibrilação atrial, que pode contribuir com uma formação de coágulos no coração que, se não tratada, pode levar a um AVC.  

Caso sinta batimentos cardíacos fora das condições normais, palpitações recorrentes, sensação de taquicardia, desmaios sem causa aparente e/ou perceba o coração ou a pulsação batendo de forma irregular, procure um cardiologista de sua confiança para um diagnóstico.  

Quais são os sintomas de arritmia cardíaca? 

Em geral, os sintomas mais frequentes de arritmia cardíaca são: 

  • Palpitações (percepção anormal do batimento cardíaco); 

  • Tontura e/ou desmaio. 

No entanto, em outros casos, o quadro é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas.  

Quais complicações a arritmia cardíaca pode causar? 

Primeiramente, é importante destacar que as complicações de arritmia cardíaca dependem da forma com que essa mudança do ritmo do coração acontece.  
 
Um dos tipos de complicações mais prevalentes, principalmente em idosos, é a chamada fibrilação atrial, que pode contribuir com a formação de coágulos no coração que, se não tratados, levam a um AVC. 
 
Além disso, quando não tratada a tempo, a arritmia cardíaca pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da insuficiência cardíaca, doença crônica em que o coração não bombeia o sangue como deveria, ou até mesmo colocar em risco a vida dos indivíduos. 

Arritmia cardíaca tem cura? 

Em alguns casos, sim. O tratamento pode envolver medicamentos que ajudam a controlar e corrigir o ritmo ou um procedimento minimamente invasivo. Nessa intervenção, as áreas do tecido cardíaco que estão causando as arritmias são cauterizadas, fazendo com que o coração volte ao seu ritmo normal. 

Em outros casos, o objetivo do tratamento é controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos de complicações. 

Como é feito o tratamento da arritmia cardíaca? 

O tratamento irá depender da gravidade e dos sintomas da arritmia. Geralmente, ele contempla: 

Medicamentos: em alguns casos, as arritmias podem ser controladas com medicações específicas chamadas de antiarrítmicos. Com seu uso, é possível prevenir ou reduzir a frequência das arritmias. 

Procedimentos de ablação por radiofrequência: utilizados em casos de fibrilação atrial, por exemplo. Nessa intervenção, cateteres são introduzidos no coração por acessos periféricos (veias do braço). Esses cateteres são usados para identificar e destruir as áreas do coração que estão causando arritmia. 

Implante de marcapasso definitivo: em algumas situações há necessidade do implante de um marcapasso, realizado por meio de procedimento cirúrgico simples, com anestesia local. O marcapasso evita a queda excessiva dos batimentos e suas complicações;  

Implante de cardiodesfibrilador: em situações de doença avançada do coração e outras com alto risco de morte súbita (como a cardiomiopatia hipertrófica) é recomendado o implante de cardiodesfibrilador para prevenção de morte súbita. Esse procedimento também é cirúrgico, realizado com anestesia local com ou sem necessidade de sedação. 

Por fim, lembre-se: quanto mais precocemente são realizados os tratamentos, melhores são os resultados e os benefícios para os pacientes.

 

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