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Autora: Natalia Trevizoli, gastro-hepatologista do Hospital Brasília
Além de ser a maior glândula do corpo, o fígado é responsável por diversas funções no organismo. Entre elas, dissolver e aproveitar as gorduras e desintoxicar o corpo. Dentre as doenças que acometem o fígado, destacam-se as hepatites.
Há diversos tipos de hepatite, que podem surgir por conta de um vírus, uso de álcool (ou outras substâncias) e também ser de origem autoimune.
A seguir, veja detalhes sobre os tipos de hepatite, formas de transmissão, sintomas e tratamentos.
O que é hepatite?
A hepatite é um termo genérico para definir uma inflamação que afeta o fígado. O órgão é responsável por filtrar o sangue e contribuir com o combate às infecções.
O problema de saúde pode ocorrer devido a uma infecção viral, por conta do uso excessivo de álcool, medicamentos e outras substâncias e também há casos de hepatites que surgem após doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Trata-se de uma doença infecciosa que atinge o fígado, pode ser aguda ou crônica, e pode evoluir para insuficiência hepática, cirrose e até câncer de fígado.
Quais são os tipos de hepatite e como é a transmissão?
Há diversos tipos de hepatite, mas as mais comuns são as virais. Elas são classificadas pelas letras do alfabeto: A, B, C, D e E.
De forma geral, a hepatite viral é desencadeada depois que o vírus ataca as células do fígado, levando a inflamação e danos ao órgão.
Abaixo, veja detalhes sobre cada tipo de hepatite.
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Hepatite A: é transmissível por meio do consumo da água ou alimentos contaminados. A hepatite A, no entanto, é uma doença aguda, mas não causa complicações graves e costuma ser autolimitada, ou seja, não permanece no organismo.
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Hepatite B: trata-se de uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), por isso, é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas. Mas também pode haver o contágio por via sanguínea, pelo compartilhamento de seringas, agulhas e objetos cortantes contaminados.
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Hepatite C: ocorre quando a pessoa tem contato direto com sangue contaminado, por meio de transfusão de sangue ou compartilhamento de agulhas. Pode se tornar uma infecção crônica e causar danos ao fígado, provocando, por exemplo, cirrose hepática e até mesmo câncer.
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Hepatite D: menos frequente, a transmissão se dá por via sanguínea e por relações sexuais sem proteção.
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Hepatite E: na maioria dos casos, possui caráter benigno e raramente provoca infecções crônicas. A transmissão se dá pelo consumo de água e alimentos contaminados.
Quais são os sintomas?
É comum que as doenças hepáticas sejam assintomáticas ou demorem para apresentar sintomas em estágios iniciais.
Porém, em alguns casos, podem surgir:
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Fadiga;
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Mal-estar;
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Febre;
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Perda de apetite;
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Náuseas;
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Dores abdominais;
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Icterícia (pele amarelada);
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Tontura;
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Fezes claras;
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Urina escura.
Qual a importância da vacina contra hepatite na prevenção?
A melhor forma de evitar as hepatites é por meio da vacinação. Atualmente, no Brasil existem vacinas disponíveis para prevenir as infecções causadas pelos vírus da hepatite A, B e D.
Há, inclusive, uma vacina combinada hepatite A e B, que é uma opção para pessoas que não foram vacinadas contra as duas hepatites.
Até o momento, não existe uma vacina para a hepatite C.
Como diagnosticar a hepatite?
O diagnóstico de hepatite é realizado por meio do histórico clínico do paciente, exame físico e testes laboratoriais.
Durante a consulta com o médico, o indivíduo relatará seus sintomas, histórico médico e se foi exposto aos fatores de risco, como contato com sangue ou se teve relações sexuais sem proteção.
O especialista poderá realizar um exame físico para checar se há sinais de hepatite, como pele amarelada ou aumento do fígado.
Em seguida, são solicitados exames de sangue para diagnosticar a hepatite e a função hepática. De forma geral, os testes sorológicos apontam se o indivíduo foi exposto ao vírus da hepatite e se há alguma infecção ativa.
Formas de tratamento para a hepatite?
O tratamento varia de acordo com o tipo de hepatite.
Não há nenhum tratamento específico para hepatite A, mas, em geral, o quadro varia de leve a moderado e é autolimitado, ou seja, a pessoa melhora depois de alguns dias.
O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que o uso desnecessário pode ser tóxico ao fígado e piorar o quadro. Em casos raríssimos, ocorre falência hepática com necessidade de transplante.
Em relação à hepatite B, os tratamentos disponíveis atualmente não curam a infecção, mas podem retardar/evitar a progressão da doença para cirrose, reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida em longo prazo.
O tratamento da hepatite C é feito com medicamentos orais chamados antivirais de ação direta.
Vale destacar que o tratamento inadequado aumenta o risco de danos permanentes ao fígado, podendo levar, em casos mais graves, ao transplante do órgão.