
Autora: Dra. Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
Médica endocrinologista
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune capaz de afetar diversos órgãos de maneira rápida, lenta ou progressiva, variando de acordo com os períodos de atividades e de remissão.
O lúpus pode ser sistêmico (generalizado), discoide (localizado), neonatal ou induzido por drogas. A estratégia de tratamento deve ser traçada de forma individualizada.
Sintomas de Lúpus
Os sintomas do lúpus podem variar entre indivíduos inclusive em questões de intensidade e quantidade, dependendo dos sistemas acometidos da fase de atividade ou remissão da doença.
No início, são comuns sinais dermatológicos e sistêmicos, como febre baixa, cansaço, desânimo, perda de peso, dor nas costas e apetite.
Já os sintomas mais específicos incluem:
-
O surgimento de lesões de pele ocorre em até 80% dos casos. Estas são definidas por manchas avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz, nomeadas lesões em asa de borboleta; lesões por fotossensibilidade (que ocorre devido a sensibilidade desproporcional à luz solar). Além dessas, pode surgir também lesões discoides, vasculite e alopecia (queda de cabelo) - cicatricial ou não. Nesses casos, há surgimento de aftas / úlceras orais, geralmente indolores;
-
Sintomas articulares acompanhados de dor, com ou sem inchaço, envolvendo principalmente as juntas das mãos, punhos, joelhos e pés;
-
Inflamação das membranas que recobrem o pulmão (pleurite) e coração (pericardite) resultando em dor ao respirar, tosse seca, falta de ar e dor no peito;
-
Acometimento renal (nefrite): acomete cerca de até 50% dos pacientes. Pode evoluir de forma mais grave com pressão alta, inchaço nas pernas, urina espumosa e com sangue. Quando não tratada rapidamente e adequadamente, pode haver evolução para insuficiência renal e pode ser necessário realizar diálise ou transplante renal;
-
Alterações neuropsiquiátricas: associadas a convulsões, acidente vascular encefálico, alterações de humor ou comportamento (psicoses), depressão e alterações dos nervos periféricos e da medula espinhal;
-
Sintomas hematológicos: modificações nas células do sangue ocorrem devido aos anticorpos contra estas células, causando sua destruição. Deste modo, se os anticorpos forem contra os glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos e/ou plaquetas haverá anemia, leucopenia ou linfopenia ou plaquetopenia.

Quais os tipos de Lúpus existentes?
Existem quatro tipos de lúpus: sistêmico, discoide, neonatal e o induzido por drogas.
Lúpus sistêmico
Acomete diversos órgãos do organismo como pele, articulações, sistema nervoso, pleura, rins e pulmões.
Lúpus discoide
Doença que acomete exclusivamente a pele. As lesões são arredondadas, vermelhas e descamativas, sendo encontradas principalmente no rosto, couro cabeludo, região cervical e tronco.
Lúpus neonatal
Ocorre durante a gravidez devido a passagem de anticorpos (Anti-Ro e Anti-La) da mãe para a criança através da placenta. É uma condição autoimune que pode acarretar o surgimento de lesões cutâneas fotossensíveis, alterações hepáticas, hematológicas ou, até mesmo, cardíacas no feto ou recém-nascido.
Lúpus induzido por drogas
Esse tipo de lúpus está associado ao uso de procainamida e a hidralazina. Acontece quando há o desenvolvimento de sintomas parecidos ao do lúpus eritematoso sistêmico, temporalmente relacionado à exposição a drogas.
Como diagnosticar a doença?
Para diagnosticar a doença é feita uma análise sobre a história clínica do paciente e quais são as manifestações existentes além da realização do exame físico completo. São solicitados exames laboratoriais, que investigam a presença do FAN (fator ou anticorpo antinuclear) e anticorpos anti-Sm e anti-DNA.