Tomografia com Contraste: preparo, cuidados e quando é necessário

tomografia com contraste

 

Autor: Dr. Hilton Leão
Médico Radiologista

 

Tomografia Computadorizada é uma técnica de imagem médica não invasiva que tem como objetivo gerar imagens detalhadas de dentro do corpo humano.  

Muitas vezes, é necessário algum preparo ou o uso de contraste intravenoso para que o exame de tomografia seja o mais preciso possível, algo que depende intimamente da indicação clínica do médico solicitante. Esses aspectos serão tratados a seguir. 

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O que é o exame de tomografia? 

A tomografia computadorizada (TC) é um método de aquisição axial de imagens, em que são obtidos "cortes" finos da região de interesse a ser estudada (crânio, abdome, tórax etc.), de forma rápida e dinâmica. Ela utiliza o mesmo tipo de radiação ionizante que a radiografia simples (os conhecidos Raios-X), mas de forma mais sofisticada, com o auxílio de cálculos matemáticos feitos por um computador (daí o termo "computadorizada"), o que possibilita uma avaliação mais detalhada, sem sobreposição de tecidos, criando uma imagem extremamente precisa do corpo humano de forma não invasiva. 

A TC revolucionou tanto a medicina que os dois pesquisadores mais intensamente relacionados ao seu desenvolvimento (Allan M. Cormack e Godfrey N. Hounsfield) foram agraciados com o Prêmio Nobel em Medicina e Fisiologia no ano de 1979. Era a primeira vez que se tinha uma imagem detalhada do cérebro sem a necessidade de cirurgia ou de algum método mais invasivo. 

O aparelho consiste em uma mesa com a superfície deslizante, na qual o paciente é levado a atravessar uma estrutura circular, por onde as imagens serão adquiridas e posteriormente processadas para possibilitar o diagnóstico. Os aparelhos atuais conseguem realizar um exame completo do tórax e abdome em menos de 5 segundos, enquanto as primeiras máquinas demoravam alguns minutos para completar uma única imagem axial. As doses de radiação também diminuíram drasticamente, sendo que os aparelhos atuais conseguem realizar alguns exames com a dose semelhante à de estudos de Raios-X.

Quando é necessário utilizar o contraste? 

O contraste possibilita a análise da perfusão ou vascularização das estruturas do corpo. Esse medicamento é à base de iodo, o qual apresenta alta densidade nas imagens, aparecendo mais "branco" após a sua administração. Isso torna os vasos sanguíneos e as estruturas vascularizadas também mais "brancas" na imagem adquirida. 

Sempre que é necessário avaliar os vasos (artérias ou veias) ou mesmo uma imagem em algum órgão, o uso do contraste se faz necessário. De maneira simplificada, se uma imagem em algum órgão demonstrar captação do contraste e ficar mais densa (ou "branca") depois de sua administração, ela é vascularizada e, portanto, algo sólido. Da mesma forma, para avaliar se um vaso sanguíneo está pérvio, sem obstrução ou estenoses, o uso de contraste é fundamental. 

Na maioria dos exames de abdome e mesmo do crânio, o uso de contraste é importante para avaliar melhor os tecidos e órgãos, e definir melhor os achados nessas estruturas. Em contrapartida, muitos exames de tórax e do sistema musculoesquelético podem ser feitos sem o uso de contraste, pois, na maioria das vezes, as alterações são identificadas sem a sua utilização. 

De forma geral, o uso de contraste na TC é bem padronizado na imensa maioria das indicações, dependendo da suspeita clínica, que é fundamental para definir como o contraste será injetado (velocidade e volume) e quais aquisições do exame serão obtidas (no caso do abdome, uma análise mais venosa ou mesmo arterial, por exemplo). Existe ainda a influência do aparelho e do tipo de contraste a ser utilizado, que também pode determinar o volume e a velocidade de infusão. 

É importante destacar que o uso de contraste em alguns casos é fundamental (como na avaliação de tumores), sendo que o estudo sem contraste não permite o diagnóstico fidedigno do quadro clínico e pode atrasar o tratamento. 

De modo geral, nos grandes centros, o contraste é administrado através de uma bomba de infusão, na qual existem reservatórios para o contraste e o soro fisiológico. A avaliação é feita pelo médico ou biomédico na sala de controle do equipamento, sendo acompanhado em tempo real pela avaliação do paciente.

Tomografia com Contrate: Preparação 

O preparo prévio ao exame de tomografia com contraste vem sofrendo modificações recentes. Antigamente, era orientada uma restrição alimentar padronizada de 4 a 6 horas antes do exame, parcialmente recomendada pelo risco de náuseas e vômitos com o uso de contraste, sendo ideal que o estômago estivesse vazio.  

Os contrastes atuais exibem um perfil de segurança muito superior aos utilizados previamente, sendo atualmente desnecessário um jejum prolongado na maioria dos exames contrastados em virtude deste risco com produtos mais antigos ser bem menor.  

Existe ainda o risco de “alergia” pelo uso de contraste. Essa “alergia” não demonstra todos os critérios identificados em processos alérgicos típicos, não sendo totalmente caracterizada fisiologicamente desta forma. Esse risco também vem sofrendo revisão nos últimos anos, sendo bem menos frequente com os produtos disponíveis atualmente. O conhecimento técnico disponível também possibilitou adequar melhor às recomendações vigentes para essas situações. Atualmente, o risco de um paciente apresentar estes tipos de reações com contrastes modernos fica entre 0,2 e 0,7%, sendo que a maior parte delas é de manifestação cutânea (urticária e pápulas), que se resolvem em alguns minutos.  

Existem, no entanto, algumas recomendações a pacientes com histórico de alergia a serem conhecidas antes de realizar o exame:  

  1. Pacientes com alergia prévia ao contraste iodado: estes são os pacientes que estão em maior risco a outro evento semelhante se usarem novamente o contraste. Dentre as possibilidades de se contornar o problema, existe o uso de medicação antes do exame, para se minimizar o risco ou mesmo uso de um tipo de contraste diferente do primeiro. 

  1. História de asma, alergia a camarão, alergia a iodo tópico, idade avançada e gênero: Não existe indicação de preparo prévio ao uso de contraste. 

  1. Hipertireoidismo: Pacientes com hipertireoidismo agudo estão em um risco maior no uso de contraste iodado intravenoso, não devendo ser utilizado a princípio.

 

O uso de contraste iodado endovenoso também tem historicamente uma relação com alteração da função renal, porém, novos estudos têm mostrado que essa associação não existe ou foi muito superestimada. Atualmente, apenas pacientes com alteração grave da função renal (com o clearance de creatinina estimado em < 30mL/min/1,73m2) e não dialíticos são os que demandam maior atenção antes do estudo contrastado. Nesses pacientes, o uso de contraste deve ser discutido com o solicitante para verificar alternativas mais seguras, seja através do uso de ressonância magnética ou mesmo com preparo prévio, através de hidratação com soro fisiológico.  

Vale a pena lembrar que pacientes com rim único ou que fizeram manipulação dos rins podem usar normalmente o contraste intravenoso, caso a função renal esteja preservada. Nesses casos, é sempre interessante discutir com o médico solicitante ou com o radiologista para verificar a necessidade de se avaliar a função renal antes do exame.

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Recomendações para antes do exame 

A tomografia sem contraste não precisa de considerações específicas, podendo ser realizada sem nenhum preparo específico. Não é necessário jejum ou mesmo hidratação antes da TC. Em exames de abdome, pode existir algum tipo de recomendação em casos muito específicos, mesmo sem o uso de contraste, como no caso da colonografia por tomografia computadorizada, onde existe um preparo específico e dedicado para a realização do exame.  

Nos procedimentos com o uso de contraste intravenoso, as recomendações para antes do exame dependem do perfil de cada paciente. Atualmente, o jejum tem diminuído muito, sendo necessário apenas uma curta restrição alimentar de 2h ou menos para sólidos antes da TC, sendo liberada a ingesta de líquidos. Algumas vezes nenhum jejum se faz necessário.  

Já pacientes com história de alergia prévia ao contraste iodado ou mesmo com alterações graves da função renal, devem relatar seu histórico para a equipe no momento da marcação da TC, para que possam ser tomadas as devidas providências antes do exame.

Recomendações após o exame 

Na maior parte das vezes não é necessário nenhum tipo de recomendação após o estudo tomográfico contrastado. Uma vez terminado o exame, o paciente está liberado para realizar sua rotina normal. 

Existem alguns casos de pacientes com alteração da função renal, onde pode ser necessário persistir em hidratação venosa após o término do exame por algum tempo, antes da sua liberação.  

Nos casos de algum tipo de alergia, geralmente o paciente fica em observação por alguns minutos antes de ser liberado, sendo que na grande maioria das vezes o processo se resolve rápido e o paciente pode retornar a rotina, sem nenhuma recomendação. 

Quais são os tipos de contraste utilizados? 

Atualmente o tipo de contraste mais utilizado nos grandes serviços de imagem do Brasil é o iodado não iônico, de baixa osmolalidade. Esse é um tipo de contraste com baixa taxa de efeitos adversos, tanto no espectro de processos “alérgicos” quanto de alterações da função renal. Ele é menos concentrado que os meios de contraste mais antigos.  

O uso de contrastes iônicos geralmente é restrito ao uso oral, para opacificação do trato gastrointestinal, utilizado em alguns exames muito específicos. Neste caso, como não vão entrar na corrente sanguínea, eles podem ser utilizados de forma segura. 

Quanto tempo dura o efeito do contraste? 

A meia vida dos meios de contraste mais modernos como o de baixa osmolalidade descrito acima é de aproximadamente 2 horas. Desta forma demora aproximadamente 20 horas para que uma dose deste contraste seja eliminada totalmente do corpo em pacientes com função renal preservada.  

Essa informação geralmente é utilizada quando se precisa repetir o exame de tomografia com contraste. Em geral opta-se por um intervalo de 24 horas entre os exames, a não ser que haja uma necessidade mais urgente de se utilizar o contraste. Vale a pena destacar ainda que muitas das vezes pode-se dividir a dose para avaliar dois sítios distintos do corpo num mesmo dia, ou mesmo complementar a dose de contraste para uma melhor avaliação de alguma estrutura. 

Existe alguma contraindicação para a tomografia com contraste? 

A principal contraindicação para uso de tomografia com contraste é a história de alergia grave ao mesmo em exame prévio. Nesses casos, o uso de contraste iodado está contraindicado. Nessas situações, o ideal é optar por outro tipo de exame contrastado semelhante, seja ressonância magnética, PET-TC ou mesmo ultrassonografia contrastada.

As contraindicações relativas já foram descritas nos tópicos anteriores, devendo-se ter em mente que pacientes com alergias leves prévias ao contraste e alteração grave da função renal podem realizar a tomografia contrastada se houver um preparo adequado antes ou optar por outro exame semelhante, como a ressonância magnética.  

 

Outras contraindicações a serem destacadas são: 

  1. Miastenia gravis: O uso de contraste nesses pacientes é controverso, com alguns artigos sugerindo um risco maior. A tomografia com contraste nesses pacientes é atualmente uma contraindicação relativa no momento. 
  2. Anemia falciforme: Atualmente não existe risco aumentado para pacientes com anemia falciforme, podendo os mesmos realizar a tomografia contrastada. 
  3. Feocromocitoma: Trata-se de um tipo específico de tumor na glândula adrenal. Estudos antigos indicavam um risco maior com meios de contraste ultrapassados, não havendo risco com os contrastes atuais. 
  4. Amamentação: a passagem de contraste intravenoso para o leite materno é muito pequena, não sendo recomendada a restrição de amamentação após o exame. 

 

Onde posso agendar tomografia com contraste no DF? 

No Laboratório Exame você agenda sua tomografia com contraste através do Nav Dasa. É simples, rápido e com segurança em todos os procedimentos! 

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